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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Jovem espancado por ajudar mendigo não vê a hora de comer hambúrguer

Jovem espancado por ajudar mendigo não vê a hora de comer hambúrguer

Na madrugada do dia 3 de fevereiro, Vítor estava em um quiosque na zona norte do Rio com o amigo Kleber Carlos de Souza, que viu tudo. “Eu vi os rapazes agredindo o morador de rua”, lembra.

Um mendigo estava sendo espancado por cinco jovens. Na tentativa de interromper a covardia, Vítor e Cléber se aproximaram dos agressores. “Eu não fiz nada demais. Só fui conversar para que aquilo parasse”, diz Vítor. “E o Vitor chegou também, pedindo, e foi agredido. De repente, de surpresa, o Tadeu já estava imobilizando o Vítor. O William estava dando socos no rosto dele”, conta Kleber.

Tadeu Assad Ferreira tem uma condenação por agressão em 2010. William Bonfim Nobre responde a processo por agressão. “Os outros, na mesma hora, vieram com inúmeros pontapés no rosto dele. Ele chegou a desmaiar”, diz Kleber.

Os outros são Rafael Zanini, Felipe Melo dos Santos e Edson Luiz Júnior. Os cinco acusados estão em prisão temporária. “Até a hora em que eu consegui chegar até o Vitor e fiquei em cima dele com os braços abertos, alguém deu a volta, veio por trás de mim e deu um chute na nuca dele”, conta Kleber.

Foram 15 fraturas no rosto de Vítor, reconstruído com placas de titânio e 63 parafusos. “Simplesmente chegar e agredir o cara porque ele está deitado ali na rua, porque ele está passando mal. Não é assim. Não é assim que tem que ser. Não é assim que vai ser, se eu puder fazer alguma coisa”, afirma Vítor.

Na internet, Vítor passou a ser tratado como herói. Ele descarta o elogio e considera o que fez um ato simplesmente humano. “Se você não aceita aquilo ali, você fica indignado e você não faz nada, você não está nem vivendo a sua vida, você está aqui só de espectador”, declara Vítor.

“Nós estamos tão acostumados a que pessoas só interfiram em assuntos que são do interesse dela, na vantagem dela ou de pessoas muito próximas, que ter a ideia de que alguém haja gratuitamente, apenas por bondade, por solidariedade humana nos espanta”, acredita o filósofo Renato Janine Ribeiro.

No bairro onde os agressores são conhecidos pela violência, a mãe de Vítor criou dois filhos. “Eu passo o que é normal passar, o que todas as pessoas devem passar, o que eu acho que a maioria das pessoas com quem eu convivo passa para os seus filhos: respeito. A pessoa, independente da classe social dela, é um ser humano. Respeito”, diz a mãe do jovem.

Qualquer caso de violência deve ser resolvido pela polícia, que precisa ser chamada imediatamente pelas testemunhas que estão no local. Mas o impulso de Vítor foi maior que as recomendações de segurança. Ele foi movido por um princípio básico da vida em sociedade: o respeito ao próximo. A covardia contra o estudante deixou a mesma sociedade perplexa.

Para a presidente de uma organização de defesa dos direitos humanos, Vítor não foi a única vítima. “A sociedade foi agredida, toda ela, quando o Vítor foi espancado. O que foi espancado foi a nossa esperança de que essa sociedade seja cada vez melhor”, afirma a escritora Rosiska Darcy de Oliveira.

As próximas duas semanas são decisivas para a avaliação da cirurgia que Vítor enfrentou. “Às vezes, eu penso: ‘será que vai ficar igual?’. Mas se não ficar também, do jeito que está já está ótimo. Poderia ter ficado pior. Poderia não estar aqui, poderia estar com sequela. Eu sempre acho que o que a vida me reserva é o melhor”, diz o jovem.

Mas Vitor mantém o humor. Ele até faz um apelo: “A minha mãe ainda não me autorizou a comer um hambúrguer, não acreditei quando ela falou que não ia deixar eu comer um hambúrguer. É um absurdo fazer isso com uma pessoa nesse estado. Eu peço em rede nacional que lancem a campanha: ‘Mãe do Vítor, deixe ele comer o hambúrguer’. Isso é um absurdo. Eu sobrevivi a cinco pessoas me batendo, mas não vou sobreviver a um hambúrguer, na cabeça da minha mãe”, brinca.

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